Podemos definir terapia como um conjunto de procedimentos (técnica) que visa: (1) reunir através do relato verbal do cliente fatos da sua vida que são relacionados ao sintoma; (2) identificar os eventos clinicamente relevantes; e (3) demonstrar as relações funcionais existentes evidenciando quais as variáveis que o comportamento é função que estão controlando o comportamento do cliente.
A terapia sexual é uma especialidade que visa tratar as várias disfunções masculinas e femininas. Aparece como prática médica e psicológica junto com os estudos sobre sexualidade do início do século passado.
História moderna do estudo da sexualidade
Krafft-Ebing, médico neurologistas e psiquiatra alemão publicou em 1886 o livro Psychopathia Sexualis uma obra pioneira no estudo da patologia sexual que influenciou gerações de escritores, filósofos e psiquiatras. Suas idéias causaram impacto na percepção moderna da sexualidade. A partir daí aparecem inúmeros pesquisadores, boa parte ligados à medicina, estudando sobre sexo e sexualidade e propondo intervenções terapêuticas visando tratar os transtornos e “perversões sexuais”: Haverlock Ellis, médico inglês, publicou Psychology of Sex (1896) divulgando informações ousadas para a época sobre masturbação, orgasmo e “frigidez”; Freud, no início do século passado, destacou a importância da libido; Bloch (1906) propôs a criação de uma ciência chamada sexologia; Moll (1913) organizou o Primeiro Congresso Internacional de Sexologia, em Berlim; Hirschfeld, médico alemão, cunhou a palavra travesti e fundou seu Instituto de Ciência Sexual (1919) em Berlim e viajou para inúmeros países falando sobre sexualidade, divulgando o uso da camisinha para combater as doenças sexualmente transmissíveis e esclarecendo que a homossexualidade não é uma doença; e Velder, ginecologista, escreveu Ideal Marriage publicado na Alemanha em 1926. Neste livro divulgou a idéia de que o problema sexual deve ser tratado como sendo do casal.
Assunto tabu, a sexualidade sai do círculo acadêmico
Nos Estados Unidos da América, Kinsey iniciou suas pesquisas sobre sexualidade humana e publicou em 1948 o livro Comportamento Sexual do Homem e em 1953 o Comportamento Sexual da Mulher. Ambos resultaram de pesquisas realizadas junto à população americana. Obras conhecidas como o Relatório Kinsey. Já os americanos Masters e Johnson em seu livro Relações Sexuais Humanas, de 1966, reuniram os resultados de onze anos de observações.
Pesquisaram nos laboratórios casais copulando, fizeram registros com instrumentos e analisaram detalhadamente o que acontecia com o homem e com a mulher durante o coito. Uma das conclusões mais importantes de Masters e Johnson parece ter sido a de que, no ato sexual, as mulheres são capazes de ter vários orgasmos e os homens só tem um. Os homens até a idade de 35 anos, também, podem ter dois ou três orgasmos em rápida sucessão. Propuseram o ciclo para a resposta sexual humana: excitação, platô, orgasmo e resolução. As pesquisas de Kinsey, Masters e Johnson aumentaram o interesse da população sobre a sexualidade, impulsionando pesquisas que forneceram subsídios para o entendimento de práticas e comportamentos sexuais.
Para o desenvolvimento recente da terapia sexual deve-se destacar, também, o trabalho do psicólogo americano LoPiccolo, pesquisador da sexualidade humana e terapeuta sexual desde 1969 e o importante trabalho da psiquiatra Kaplan do New York Hospital (USA) sobre os transtornos do desejo sexual.
Reconhecimento da Organização Mundial da Saúde
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou em 1974, na cidade de Genebra, o relatório sobre formação de profissionais em saúde sexual aumentando o interesse sobre sexo, sexualidade e problemas sexuais junto ao profissional médico, psicólogo e assistente social. Neste mesmo ano de 1974 acontece em Paris o Primeiro Congresso de Sexologia da era contemporânea e em 1978 é fundada em Roma a Associação Mundial de Sexologia (WAS). Na década de 1980, em vários países, surge a especialidade terapia sexual como parte da atividade profissional, principalmente, de psicólogos, médicos psiquiatras, urologistas e ginecologistas. Surgem cursos de especialização em nível de pós-graduação. No Brasil esta especialidade se expande na década de 1990.
Terapeuta sexual
O terapeuta sexual é um profissional de formação acadêmica superior que deve ser qualificado apresentado dois requisitos básicos: (1) curso de especialização na área de sexualidade humana e (2) terapia sexual. Deve possuir noções básicas da anatomia, fisiologia e funcionamento dos órgãos sexuais masculinos e femininos; conhecer as topografias das disfunções sexuais; conhecer a história da sexualidade humana; e ter o domínio de uma técnica psicoterapêutica para manejo da disfunção sexual.
Terapia comportamental
A terapia comportamental é baseada na análise do comportamento. A ciência da análise do comportamento teve início com o trabalho de B. F. Skinner na década de 1930 sobre processos básicos de aprendizagem. A análise do comportamento visa desenvolver princípios comportamentais gerais que podem ser aplicados em humanos e não-humanos, tanto em laboratório quanto em ambientes naturais. Ao contrário da Psicologia tradicional introspectiva que destaca o papel de algo nomeado de “mente” na determinação do comportamento, a análise do comportamento acredita que o comportamento sexual ocorre através das contingências de reforçamento na inter-relação entre o organismo e o ambiente. O organismo é indivisível e encontra-se em constante interação com o ambiente e o seu comportamento é sempre afetado pelas conseqüências que comportamentos similares tiveram no passado.
A terapia comportamental aplicada à área da sexualidade é focada na queixa da disfunção do cliente e tem curta duração.
João Batista Pedrosa é psicólogo (1988) clínico especializado em terapia com enfoque em sexualidade e analista do comportamento com curso de Especialização em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).
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