Psicólogo e Terapeuta Sexual
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João Batista Pedrosa

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davidddAs relações entre organismo e ambiente são chamadas de contingências de reforço. O terapeuta irá identificar e demonstrar, através de hipóteses, as relações funcionais existentes nestas contingências de reforço e poderá ter uma explicação de uma possível disfunção sexual de origem não-orgânica. Partimos sempre do princípio que qualquer comportamento é determinado por algo, existindo uma relação causal na sua determinação.

A análise do comportamento objetiva evidenciar quais são as leis que determinam como os organismos se comportam. Ao contrário da Psicologia tradicional introspectiva que destaca o papel de algo nomeado de “mente” na determinação do comportamento, a análise do comportamento acredita que o comportamento ocorre através das contingências de reforço na inter-relação entre o organismo e o ambiente. A terapia comportamental aplica os princípios da análise do comportamento.

Contingências de reforço

O conceito de contingência na análise do comportamento é ligado ao entendimento de que quando emitimos uma resposta, e esta resposta é de alguma forma reforçada pelo ambiente, ocorrerá um aumento na probabilidade desta mesma resposta ocorrer no futuro devido a sua conseqüência reforçadora. Todo comportamento é determinado, direta ou indiretamente, pelas conseqüências. (Skinner, 1993).

Para ilustrar o conceito vejamos um de simples entendimento: José aprendeu com o seu pai a ser pontual em tudo que faz. Ele começou no novo emprego e agora sai com uma hora de antecedência da sua casa para o trabalho. No trabalho anterior saía 40 minutos. Sair uma hora de casa para o trabalho agora é reforçador - a conseqüência será não chegar atrasado ao novo trabalho. A nova contingência ambiental (novo trabalho mais distante da sua casa) alterou o comportamento de José (agora sair uma hora antes, não mais 40 minutos), pois discrimina uma nova conseqüência reforçadora (chegar no horário no novo trabalho). Uma resposta reforçada numa determinada ocasião tem maior probabilidade de ocorrer em ocasião que lhe seja muito semelhante; em virtude, porém, de um processo chamado de generalização, pode surgir em ocasiões que partilhem apenas algumas dessas mesmas propriedades. (Skinner, 1993).

São as contingências ambientais que estão todo tempo controlando nosso comportamento. Elas determinam como iremos nos comportar. Para mudar o comportamento de uma pessoa temos que arranjar novas contingências para se obter o comportamento desejado. Uma pessoa é modificada pelas contingências de reforço em que age... (Skinner, 1993). Na Terapia Comportamental fazemos arranjos de contingências no ambiente do cliente para extinguir o comportamento problema e promover o comportamento desejado.

Sinopse de Caso – Disfunção Erétil

Ramon (nome fictício), 33 anos, executivo, separado, heterossexual, sem filhos, queixa-se de Disfunção Erétil. Indicado para tratamento terapêutico por médico urologista depois de submeter-se aos exames laboratoriais de rotina e se constatar que nada orgânico estaria associado à disfunção. O cliente foi casado com Maria (nome fictício) durante nove anos. Ela foi sua única namorada e a mulher com quem fez sexo pela primeira vez. Conheceram-se na adolescência. O cliente relata que, desde as primeiras relações sexuais, Maria se queixava muito de dor na penetração e em sua opinião “ela não relaxava o suficiente”. Durante o namoro e o casamento nunca tiveram uma vida sexual regular.

Ele sempre tomava a iniciativa para terem relações sexuais. Ocorriam poucas preliminares. Na quase totalidade das relações sexuais ele não conseguia fazer toda penetração vaginal devido às dores sentidas por Maria e a pouca lubrificação vaginal. Nas preliminares ele conseguia manter a ereção, mas na hora da penetração perdia a ereção.

Como consequência, Ramon ou ejaculava rápido ou perdia a ereção. Perder a ereção na hora que posicionava o pênis para fazer a penetração vaginal era mais comum. A masturbação solitária, onde ele não perdia a ereção, passou a fazer parte da vida sexual do cliente já que Maria demonstrava pouco interesse em ter relação sexual.

O dado clínico importante neste relato é que ele perdia a ereção na hora da penetração quando posicionava o pênis no intróito vaginal. Ele forçava o pênis para encaixar-se na vagina e o pênis quase sempre não entrava na sua totalidade, neste momento ele perdia a ereção. Algumas vezes ele se masturbava e/ou fazia estimulação clitoriana com os dedos em Maria para ela obter o orgasmo. Ele não sabe se ela tinha orgasmo.

Uma pergunta que surge inicialmente é por que mesmo com a vida sexual irregular e insatisfatória para o cliente, o casamento manteve-se por nove anos? Apesar de o cliente declarar que não tinha uma “vida sexual legal” - punidor, Maria tinha uma série de “atributos que me faziam muito bem. Era uma mulher linda e eu gosto de mulheres bonitas que se cuidam, uma mulher de sucesso profissional e eu tinha uma ligação muito forte com a família dela.” Estes reforçadores mantinham o casamento de Ramon. Mas, o cliente declara “que depois dos 30 anos de idade comecei a questionar minha vida sexual daí minha decisão de terminar o casamento”.

Separado de Maria, Ramon “fica com uma moça de 25 anos” e sempre perde a ereção. Começa a se preocupar num padrão de ruminação agora apresentando muita ansiedade antes do sexo. Sai com várias garotas de programa e não consegue manter a ereção. Até que resolve procurar ajuda profissional.

Análise de Caso

Perder a ereção na hora da penetração foi um comportamento contingeciando por vários anos de reforçamento. Ramon sensibilizou seu organismo com a perda da ereção neste contexto sexual. Num processo de generalização este comportamento foi levado para outros contextos sexuais, com suas novas parceiras. Ao contrário do que ele imaginava não era a ansiedade que provocava a Disfunção Erétil, mas sim a história de reforçamento: as contingências passadas. Por que com Maria ele perdia a ereção? Porque, provavelmente, as seguintes causas/variáveis determinaram o condicionamento de perder a ereção: 1) devido às dores que Maria sentia uma possível Dispareunia; 2) a falta de excitação sexual de Maria, com pouca lubrificação; 3) a dificuldade de fazer a penetração; e 4) sentido a ausência de receptividade sexual da mulher “eu desanimava, desistia”, segundo relato de Ramon. Estas variáveis criavam um ambiente aversivo, então, perder a ereção tinha uma conseqüência reforçadora: deixar de provocar dor em Maria. Perder a ereção era um reforço negativo de fuga, tinha como função eliminar uma estimulação aversiva em Maria. Ramon, incentivado pela nova namorada, fez a terapia sexual comportamental que dessensibilizou a Disfunção Erétil. O tratamento durou 20 sessões e ele recuperou sua ereção.

Referência bibliográfica: Skinner, B. F. (1993). Sobre o behaviorismo. São Paulo: Cultrix.

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