Psicólogo e Terapeuta Sexual
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João Batista Pedrosa

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fev2004b O que caracteriza a anorgasmia feminina é basicamente a mulher que nunca teve a experiência do orgasmo durante o coito ou masturbação. Podemos incluir, também, o grupo de mulheres que só conseguem o orgasmo exclusivamente com a masturbação.

É impressionante o número de mulheres com o aparelho genital funcional que não conseguem o orgasmo. Portanto, é uma queixa muito comum no consultório. Na minha experiência clínica de cada 10 clientes que me procuram pelo menos seis apresentam um destes sintomas:  ausência total do orgasmo, dificuldade em chegar ao orgasmo ou só consegue obtê-lo na masturbação.

A etiologia da anorgasmia feminina pode ter à interferência de muitas variáveis. Ela pode ter uma causa única ou a associação de várias. É possível também a associação da anorgasmia com outra disfunção sexual, como a dispareunia (dor na penetração vaginal). Existirá uma causa orgânica ou não orgânica. Em alguns casos uma vem associada à outra, onde uma aparecerá como uma espécie de pano de fundo e a outra se destaca, aparecendo como o sintoma presente principal.

Algumas causas  que podem levar uma mulher a desenvolver a anorgasmia

  1. As várias síndromes dos transtornos do desejo sexual: desejo sexual hipoativo (descrito por Kaplan, 1977),  aversão sexual e disfunção da motivação sexual (estudado por Kupferman, 1991);
  2. O abuso sexual na infância, que poderá desencadear uma série de disfunções sexuais, dentre elas, a anorgasmia;
  3. Falta de concentração para obtenção do orgasmo em decorrência do Transtorno do Déficit de Atenção por Hiperatividade (TDAH);
  4. Desconhecimento  do seu aparelho genital em decorrência de uma educação emocional e religiosa rígida e repressora. Mesmo nos dias de hoje, onde supostamente existe uma grande “liberação dos costumes”, encontramos um grande número de mulheres com uma vida sexual muito pobre e reprimida. Apresentam  sentimento de culpa com relação a masturbação e ao toque vaginal. O orgasmo é sempre associado ao “pecado”. Sua visão da sexualidade ainda é marcadamente direcionada para o sexo reprodutivo e genitalizado, onde o homem deve sempre ter um papel ativo na relação, estabelecendo o ritmo. À mulher, fica reservado o papel de passividade e resignação. Esta questão aparece com muita frequência, mesmo em mulheres com um bom nível de instrução. Poderia afirmar que esta questão é um forte condicionante da anorgasmia feminina.

Técnicas para o tratamento da anorgasmia feminina

Conhecimento corporal: o objetivo é facilitar o conhecimento do corpo preparando-o para a aprendizagem do comportamento orgásmico. É solicitado que realize estes procedimentos: auto-observação no espelho, auto-massageamento com cremes e óleos; no banho tocar todo o corpo com as mãos procurando sentir às sensações provocadas. Através destes exercícios, o psicoterapeuta procurará criar uma reestruturação da consciência corporal na mulher.

Observação do aparelho genital: é solicitado que a cliente observe, através de um espelho, o monte de vênus, clitóris (glande e prepúcio), orifício uretral, grandes e pequenos lábios e o intróito vaginal. Ela deve olhar e tocar. Usando lubrificante é pedido que toque todas estas estruturas e que perceba, através dos dedos, texturas e sensações. Atenção especial é dada ao clitóris, pois muitas mulheres simplesmente desconhecem a ligação desta estrutura com o orgasmo. É explicado o funcionamento e função de cada estrutura.

Masturbação: o desenvolvimento das técnicas masturbatórias é fundamental no tratamento. Possibilita à mulher vivenciar o orgasmo sem a ansiedade provocada pela presença do parceiro, aprendendo como obtê-lo de forma eficaz. O orgasmo obtido através da estimulação clitoriana é muito mais intenso e fácil de ser percebido se comparado com o provocado só pela estimulação vaginal, que é mais leve e difuso. Na Fase 1 desta etapa, a mulher se masturba sozinha. Na Fase 2,  a mulher se masturba na presença e com o parceiro.

Exercício de Kegel: tem como objetivo fortalecer o canal músculo-membranoso da vagina e a região do períneo melhorando sua tonicidade e a resposta orgástica. São duas as manobras básicas: durante o banho colocar os dedos na vagina e contrair, contar até cinco e relaxar. Repetir dez vezes esta manobra, por vários dias. O passo seguinte é, sentada na privada, antes de urinar, contrair a musculatura, contar até cinco, relaxar e depois urinar. A cliente é orientada, também, a repetir esta manobra várias vezes ao dia quando estiver sentada, vendo TV etc.

Exercícios corporais: a cliente é encaminhada à terapeuta corporal para os exercícios de relaxamento. O objetivo é que ela possa desenvolver uma maior percepção de si mesma, bem como fazer o desbloqueio energético da musculatura do corpo, em particular da região pélvica. Exercícios direcionados para o alongamento dos músculos, coluna vertebral, articulações e respiração abdominal são feitos através da Thai-Massagem e da Massagem Ayurvédica.

Manobra da ponte: depois de muito treino e a obtenção da confiança da cliente, se parte para a manobra da ponte. Na Fase 1 desta etapa, o parceiro irá masturbar a mulher com penetração peniana e estimulação clitoriana com os dedos. Na Fase 2, depois do treino do orgasmo com penetração sob manipulação,  haverá a penetração onde a  mulher obterá o orgasmo durante o coito.  A posição mais adequada, aqui, para obtenção do orgasmo com penetração é a posição de Andrômeda. Com o homem deitado de costas a mulher se senta em cima dele, acomodando o pênis ereto dentro da sua vagina. O movimento de entrada e saída do pênis e o movimento de cavalgar serão ditados pela mulher. É uma posição que permite ao parceiro manter às mãos livres para estimulação do clitóris e mamas. Permite, também, o estímulo direto do clitóris contra o púbis do homem, onde a mulher vai escolher o ritmo da estimulação. Nesta posição, o homem é orientado a colocar os dedos para servir de apoio ao clitóris, ajudando-o a se encaixar e se adaptar à região pubiana dele. Ainda sobre esta Fase 2 é necessário seguir esta sequência:

  1. Durante a penetração, a manipulação clitoriana pelos dedos deve parar exatamente no momento em que o orgasmo está acontecendo, deixando-o ocorrer junto com o movimento de vai-e-vém;
  2. Paulatinamente, a manipulação clitoriana pelos dedos deve ir diminuindo, sendo interrompida mais cedo, para que o orgasmo aconteça só com o movimento de calvagar ou vai-e-vém;
  3. Finalmente se faz a ponte entre o orgasmo obtido com a penetração e a estimulação do clitóris para o orgasmo obtido exclusivamente com a penetração e o movimento de vai-e-vém. Em seguida, são introduzidas novas posições para o coito
  4. Técnicas para enriquecer a vida sexual do casal são introduzidas, de acordo com a realidade e limites do casal, como: sexo oral,  vídeos eróticos, literatura erótica, etc.

Todo este processo é dinâmico e muitas variáveis interferem durante o tratamento. Aspectos relacionados à vida afetiva do casal e outros aspectos psicológicos são tratados na psicoterapia. Muitos ajustes são feitos em cada uma destas etapas. Aparentemente o processo parece simples, mas não é. Tratar de sexualidade com uma mulher, ou mesmo com um homem, é algo carregado de muitas barreiras, tabus e preconceitos. Tabus que são superados durante o tratamento. Sexo passa a ser percebido como algo natural.

Para opiniões, sugestões, depoimentos, dúvidas entre em contato comigo através deste e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.