Psicólogo e Terapeuta Sexual
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João Batista Pedrosa

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jul2005b A característica essencial do Transtorno do Orgasmo Masculino (anteriormente orgasmo masculino inibido) é um atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo, após uma fase normal de excitação sexual. Ao julgar se o orgasmo é atrasado, o clínico deve levar em consideração a idade do indivíduo e se a estimulação é adequada em termos de foco, intensidade e duração (1).

Ejaculação é um conjunto de fenômenos neuromusculares que permite a progressão do sêmen e sua expulsão pelo meato uretral na fase final da resposta sexual masculina. A ejaculação apresenta duas fases, a emissão e a expulsão. Na maioria das vezes coincide com o orgasmo (2).

Ejaculação Retardada é uma disfunção sexual ligada ao transtorno do orgasmo masculino pouco comum. Ela ocorre quando o cliente, após fazer a penetração peniana vaginal, anal ou oral não consegue ejacular e, na maioria das vezes, não tem o orgasmo. A seguir, algumas características gerais e transtornos associados dos clientes que apresentam a ejaculação retardada, que podem aparecer isoladamente ou combinados:

•  Homens com dificuldade de expor-se socialmente, apresentando um padrão de timidez nas relações sociais;
•  Apresentam um padrão de alta ansiedade durante a relação sexual;
•  Apresentam, geralmente, uma boa ereção peniana;
•  Na masturbação, sozinhos, conseguem ejacular normalmente;
•  Masturbam-se, geralmente, acima da média comparado aos homens da sua idade;
•  Após o coito, sem ejaculação com a parceria sexual, vão até o banheiro se masturbar;
•  Alguns conseguem outros não, se masturbar na frente da parceria sexual;
•  Alguns não ejaculam com a parceria sexual fixa, mas ejaculam com outra parceria, outros generalizam e não ejaculam com nenhuma parceria sexual;
•  Alguns obtêm o orgasmo, mas não ejaculam ou ejaculam com ausência do orgasmo só com a estimulação oral ou manual da parceria sexual;
•  Podem atingir o orgasmo no coito, mas apenas depois de uma estimulação não-coital muito prolongada e intensa (1);
•  Subgrupo menor consegue experimentar o orgasmo apenas ao despertar de um sonho erótico (1);
•  Alguns homossexuais em conflito com sua orientação sexual;
•  Uso persistente de medicamentos antidepressivos, ansiolíticos, barbitúricos e drogas, tais como: álcool, maconha e cocaína (2);
•  Traumatismo da medula espinhal (Ellison, 1978);
•  Doenças desmielinizantes e degenerativas da medula, após cirurgia envolvendo os gânglios simpáticos (Whitelaw & Smithwick, 1951);
•  O orgasmo também pode ocorre na ausência da ejaculação quando os gânglios simpáticos são lesados por cirurgia ou neuropatia autônoma (1);
•  Os testes de limiar sensorial podem demonstrar uma redução na sensibilidade da pele do pênis devido a uma condição neurológica, como lesões da medula e neuropatias sensoriais (1);
•  Co-ocorrendo com Disfunção Erétil devido a Diabetes (Kaplan & Abrans, 1958).

Diagnóstico

Descartada uma causa orgânica pelo médico urologista, cabe ao psicólogo terapeuta sexual iniciar a investigação da história de vida do cliente em busca das possíveis causas que determinaram o condicionamento do comportamento sexual do cliente.

Para nós psicólogos que guiamos nossa prática clínica embasados na análise do comportamento (behaviorismo) utilizando-se da terapia comportamental, todo e qualquer comportamento existe em função de algo. Uma Ejaculação Retardada existe em função de um passado de aprendizagem onde o cliente aprendeu a não ejacular por algum motivo. O comportamento de não ejacular adaptou-se à vida sexual do cliente. Ele reforça algo no cliente e o mesmo tem um ganho com este comportamento.

Os comportamentos bem e malsucedidos se definem por seus efeitos. Nós selecionamos nossos comportamentos pelas suas conseqüências. Em aprendizagem operante (condicionamentos que adquirimos durante nossa vida), sucesso e fracasso correspondem a reforço e punição

Os analistas comportamentais chamam de Lei do Efeito o princípio subjacente à aprendizagem operante. Ela estabelece que quanto mais uma ação seja reforçada, mais ela tende a ocorrer e quanto mais uma ação é punida, menos ela tende a ocorrer. Os resultados da Lei do Efeito são frequentemente tratados como “modelagem“, porque os comportamentos mais bem-sucedidos e adaptados aumentam e os menos bem-sucedidos diminuem... (Baum, 1999).

Comportamento sexual de esquiva

A Ejaculação Retardada se desenvolve, geralmente, como um comportamento sexual de esquiva. Ela vem na forma de Reforço Negativo (qualquer estado de coisas que serve para aumentar a frequência de algo visando aliviar uma tensão). Por algum motivo (evento crítico de condicionamento-ECC) o cliente não consegue ejacular. O não ejacular reforça algo no comportamento sexual do cliente. Vamos às análises simuladas de casos para ilustrar a explicação teórica:

Exemplo 1: Homem heterossexual apresenta Ejaculação Retardada Primária, desde o início da vida sexual, com eventos episódicos de Disfunção Erétil. Teve uma criação rígida, com um pai autoritário e exigente. Por volta dos 12 anos de idade o pai encontra uma camisinha na sua carteira. Chama o filho para conversar e “passa um sermão em forma de terrorismo”. Chama à atenção do filho para ele não engravidar as namoradas, pois caso isto ocorra às conseqüências serão graves. Cita o exemplo do primo que engravidou a namorada de 15 anos. Em forma de ameaças provoca verdadeiro pavor no filho com este sermão. Este evento é o ECC. O cliente tem sua primeira relação sexual aos 14 anos de idade e não consegue ejacular (reforço do ECC), mesmo usando camisinha. Hoje com 28 anos, noivo, não consegue ejacular durante o coito. Na relação sexual fica tenso e incomodado. Na masturbação consegue ejacular, bem como na masturbação junto com a parceria.

Análise Funcional: Antecedente: condicionou relação sexual com engravidar a parceria. Resposta: ansiedade, medo, “nervosismo”, fica incomodado na relação, quer terminar logo. Conseqüente: esquiva sexual na forma de Ejaculação Retardada com episódios de Disfunção Erétil. Não ejacular e/ou perda de ereção funciona como um Reforço Negativo, ou seja, se livrar de uma situação que estar lhe incomodando (a possibilidade de engravidar a noiva).

Exemplo 2: Homem homossexual apresenta Ejaculação Retardada Primária. Apresenta traços obsessivo-compulsivos. O jovem cliente teve uma severa educação católica ortodoxa. Foi “criado dentro da igreja”. Aprendeu que homossexualidade é pecado e que ao ato sexual é “sagrado”. O sêmen não deve ser desperdiçado, pois é o “material sagrado da procriação e deve ser despejado na vagina da mulher durante o ato sexual com a finalidade reprodutiva”. Para “garantir o seu lugar no reino do céu deve sempre seguir os dogmas religiosos”. Aos 22 anos de idade, rompe com a igreja, por não poder expressar livremente a sua homossexualidade.

Tem vários parceiros sexuais, mas não ejacula. Começou a se masturbar, depois do início do tratamento, mas não ejacula. As únicas ocasiões que consegue ejacular são nas poluções noturnas ou quando está dormindo com o parceiro, durante o sono, ao roçar seu pênis nele.

  1. Association, American Psychiatric. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) 4. ed. Porto Alegre, Artmed, 2003.
  2. Reunião de Diretrizes Básicas em Disfunção Erétil e Sexualidade da Sociedade Brasileira de Urologia – Campinas S.P. – Abril de 2002.
  3. Baum, W. M. (1999). Compreender o behaviorismo: ciência, comportamento e cultura. Porto Alegre: Artmed

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